Doutor Jayme Rodrigues

” O homem vale pelo que deixa no coração dos outros homens”

Nasceu em Jundiaí em 24 de agosto de 1908, onde fez seus primeiros estudos, formando-se Guarda Livros ( o equivalente ao Contador dos dias atuais ). Ingressou na Faculdade de Medicina de São Paulo, hoje Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no ano de 1928. Foi aluno exemplar e doutorou-se em janeiro de 1934. Naquela época, para conclusão do curso médico o formando tinha que defender uma tese, sendo-lhe conferido o título de Doutor em Medicina. Sua personalidade marcante levou-o a dedicar-se a área de Cirurgia, especializando-se em Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo, versando sua tese de doutorado sobre “Úlcera gastro-jejunal pós-operatória”.

Galgou posição de destaque no cenário médico e científico do Brasil e do exterior graças aos seus dotes de cirurgião habilidoso e especialista de profundos conhecimentos e extrema dedicação. Era conhecido e muito querido em Jundiaí e na cidade de São Paulo, mantendo consultório particular e atuando nos hospitais Sorocabana e Beneficência Portuguesa, nos quais exerceu também cargos de direção.

Apesar de estudar e trabalhar em São Paulo, sempre que os afazeres permitiam estava em Jundiaí, onde casou-se com a Sra. Odila Chaves, com a qual teve cinco filhos: Maria Helena, Maria Lúcia, Jayme Filho, Bento e João Fernando ( Juca ), não abrindo mão do almoço com a família, em seu sítio no bairro de Medeiros, aos sábados.

“Na sua figura se agrupava uma plêiade de características que poderiam ser exaltadas: o chefe de família, o médico, o intelectual, o humanista, o administrador, o lider, enfim, o homem na plenitude de todos seus atributos” – palavras ditas pelo Prof. Dr. Álvaro da Cunha Bastos, primeiro Professor Titular de Ginecologia, atual Professor Emérito da FMJ, em uma de suas manifestações sobre o Dr. Jayme Rodrigues.

Pelas qualidades acima enumeradas Dr. Jayme foi convocado pelo Prefeito Pedro Fávaro, em 1968, para organizar, estruturar e dirigir a Faculdade de Medicina de Jundiaí. Como cidadão exemplar não se furtou desta nobre mas difícil empreitada. Administrador nato, planejou com exatidão os fundamentos desta Instituição: fixou em sessenta o número de vagas, convidou os melhores profissionais das universidades paulistas para compor o corpo docente, escolheu a dedo os funcionários e colaboradores, principalmente nos primeiros vestibulares, pois uma das maiores preocupações era com o sigilo das provas. Dizia: “O aluno que ingressar nesta Faculdade, o fará pela porta da frente”, recomendação que foi seguida à risca até os dias atuais.

Dr. Jayme viveu intensamente a Faculdade de seus sonhos; acompanhou-a com entusiasmo e interesse, nos momentos de alegria e tristeza; partilhou com ela suas emoções e a ela emprestou o brilho de sua privilegiada inteligência.

Valeu-se de seu amplo círculo de relações nos meios universitário, político e administrativo,
marcando sua gestão na diretoria da FMJ com realizações importantes e fundamentais para dar à Instituição bases sólidas:

1) Conseguiu do Conselho Estadual de Educação e do Governo do Estado, ainda em 1968, autorização para funcionamento da Faculdade.

2) Providenciou a adaptação do prédio do antigo hospital Santa Rita de Cássia, cedido pela Prefeitura, para sediar a administração e o curso b ásico de Medicina.

3) Coordenou os primeiros exames vestibulares marcados por uma procura significativa de candidatos.

4) Estabeleceu comodato com a Sociedade dos Vicentinos e instalou no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo o primeiro hospital de ensino da Faculdade. Na direção do hospital conseguiu ampliar e equipar uma grande área que abrigou centro cirúrgico, lavanderia, e anfiteatros.

5) Fez convênio com o Hospital Psiquiátrico de Franco da Rocha, para ministração do curso de Psiquiatria.

6) Para ensino de Pediatria conseguiu a cessão do Hospital Pediátrico do SESI, em Jundiaí.

7) Obteve consolidação da Faculdade, em tempo recorde, pelo reconhecimento federal, consubstanciado em decreto federal, do MEC, em 1973, um ano antes de graduar a primeira turma.

 

Manifestou exemplo de simplicidade, de desambição e de escrúpulo o fato de não se fazer
docente de cirurgia da FMJ, apesar dos seus títulos de especialista e de doutorado, não querendo se valer da posição de diretor que ocupava.

Ao concluir seu mandato na direção da Faculdade deixou para Jundiaí uma Escola Médica
estruturada e um Hospital em pleno funcionamento e saldo financeiro. Deixou aos Formandos em Medicina seu anel de grau, obtido em 1933, sob o qual fazem seu juramento hipocrático desde a primeira Turma.

O trabalho do Dr. Jayme, é necessário registrar, nunca foi remunerado, mas antes deixou sua
clientela de consultório para dedicar-se à Faculdade de Medicina de Jundiaí. Continuou, mesmo depois de deixar a direção da Escola, a dar seu apoio aos diretores da Instituição, participando sempre da Congregação e do Conselho Técnico Administrativo da sua Faculdade de Medicina, mais tarde chamada de “Casa de Jayme” pelo Decano Prof. Álvaro da Cunha Bastos. Recebeu outras homenagens da Faculdade, entre as quais o título de Professor Honorário (1974); a sala da Congregação passou a ter seu nome (1989); presidiu Bancas Examinadoras de concursos para professores de cirurgia em 1989; seu busto figura na entrada do prédio sede da Faculdade(1990).

Que a vida e o trabalho desse médico humilde, modesto e dedicado sirva de exemplo aos alunos
da Faculdade de Medicina de Jundiaí .

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